Pra ler ouvindo:
Edição bem específica essa. Chamei meu amigo, o DJ, produtor, empresário e lutador de jiu-jitsu Rogério Soldera – um dos personagens mais importantes da cena Underground do interior. Fundador da festa FewBeats e da #PistinhaMeuAmor (que nasceu como segunda pista do Anzuclub e mais tarde ganhou vida própria, chegando a assinar stage de festivais como XXXPERIENCE) e coprodutor do Rooftop Garden, de Sorocaba.
Ele acaba de lançar “Guns” (ouça no topo da newsletter), em collab com a cantora Läu, e o resultado é uma das tracks dele que eu mais curti até hoje. Daí a vontade de chamá-lo pra entrevista, além do fato de que ele foi um dos poucos DJs que vi na pandemia se mobilizando para fazer lives com ativação de marcas, o que deu um bom gancho pra esse bate-papo.
Papi, antes de mais nada, obrigado por ter aceitado o convite pra essa entrevista. Como a pandemia impactou seu dia a dia? Chegou a contrair o vírus ou perder algum ente querido? Teve algum problema relacionado à saúde mental?
Soldera: Impactou de maneira positiva. Graças a Deus não contraí o vírus e não perdi nenhum ente querido. Aprendi a usar as horas do dia a meu favor. Antes eu ia pra academia cedo, pra ativar o corpo, e produzia à noite – minha cabeça ficava com obesidade de informação e acabava não rendendo. Aí criei o hábito de acordar mais cedo e minha primeira atividade passou a ser produção musical ou a leitura, duas coisas que me exigem concentração e clareza mental pra aflorar a criatividade. E à noite eu foco no treino, de musculação ou de jiu-jitsu.
Além de DJ, você também é produtor de eventos e certamente está com o radar ligado sobre a retomada. Alguma previsão fatídica de datas? Você também fica pirado fazendo estimativas na calculadora em relação a números versus prazos? Acha que teremos alguma edição da Pistinha ainda esse ano?
Soldera: Temos uma previsão fatídica de datas sim e temos um festival a caminho. Estamos vendo os números do COVID e da vacinação diariamente e sentindo que esse retorno está cada vez mais próximo. Infelizmente ainda não posso dar mais detalhes…
Você lança "Guns" agora. Conte-nos sobre como foi esse processo criativo...
Soldera: Foi uma das primeiras músicas que eu fiz durante a pandemia. É uma pegada de drums de Afro-House com melodias de Deep House, com o vocal da Läu, que é uma menina fora de série, vocês vão perceber a qualidade do vocal, o timbre, a afinação... Foi uma carta na manga que eu queria usar pra retomada, não queria queimar cartucho, mas agora que já temos um plano de reabertura, é foco total. O DNA é House Music e, de tempos em tempos, vou flertando com subgêneros.
Como você conheceu a Läu e como rolou essa collab?
Soldera: Conheci ela através de um outro vocalista, que me apresentou um músico, que é namorado da Läu e me falou sobre ela – aí eu ouvi o vocal dela e falei que queria já, pois já tinha essa base pronta. Ela compôs a letra e deu o nome pra track. Essa é a vibe da “Guns”.
Percebi que você tá super "in love" com o chamado Afro-House, né? Isso deve impactar também seus sets pós-pandemia?
Soldera: Sou apaixonado até mesmo antes de esse termo existir. Lembro que em 2014 ou 2015 eu fui pra Ibiza pela primeira vez. Tava amarradão pra ver Carl Cox, Maceo Plex, Solomun, Loco Dice, enfim... Tenho um amigo que também é DJ, o Rodrigo Brinco, que me sugeriu o Black Coffee. Ouvi e fiquei impressionado. Na época tinha saído um remix do &Me pra “Vermillion” (do Damian Lazarus) - ouça abaixo. Ali pela primeira vez um artista me chamou tanta atenção quanto o Jamie Jones já havia chamado. Resumindo: não me vejo hoje mais tocando aquele Tech-House barulhentão como estava tocando, tô muito mais nessa vibe.
PS: ficou curioso pra entender o subgênero? Ouça essa playlist dele feita pro coletivo Noixxx.
Acompanhei algumas das suas lives durante a pandemia. Pelo que vi, você foi um dos poucos DJs que conseguiu fazer algo elaborado em conjunto com algumas marcas. Fale um pouco sobre essas lives e a relação da música eletrônica como plataforma de conteúdo...
Soldera: Sempre cuidei bastante da minha marca para ter boas relações com outras marcas. Na pandemia consegui fazer lives pra Boombay (marca de gin da Bacardi), fiz uma parceria com a Ducati (loja de Campinas), fiz o lançamento da nova Amarok V6 e a última que rolou foi uma live com a Bel Energy, no dia do meio ambiente, com energia 100% gerada por placas solares – e a partir dessa live estamos pensando em criar um projeto baseado nisso, talvez uma festa mesmo gerada somente com energia solar. Enfim, a ideia é manter um conteúdo legal e continuar me associando a marcas líderes de categoria no Brasil, graças a uma curadoria de carreira que eu mesmo faço, pegando ideias e conselhos de amigos.
E, enfim, sextou:
01. Damian Lazarus & The Ancient Moons – Vermillion (&Me Remix)
02. Rampa – The Church
03. Mano Le Tough – Aye Aye Mi Mi (12” Mix)
Até o próximo e-mail.
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